Filme opaco, secreto como um búzio. Parafraseando Rimbaud, é necessário dizer que le vrai film est ailleurs. O que se pretende filmar não é tanto o filme mas o seu reflexo. Obscuramente, como num espelho. É, portanto, face a um espelho que Mónica, através da palavra reflectida, desmascara o seu jogo ao desmascarar o de Lívio e, pela palavra, ela liberta-se. Aqui, a palavra é opção moral, consciência nua, assunção da verdade. O olhar de Mónica (ou do seu duplo) em direcção a um Lívio ausente é expulsado da imagem (o verdadeiro filme está off- off, para lá da ilusão do ecrã) e insere-se num movimento de fascínio e de repulsa que organiza continuamente o seu debate interior. A descoberta do seu olhar? A descoberta do próprio filme, of corse. Filme transparente, aberto como um pássaro a voar. Ensaiemos uma outra maneira de auscultar o movimento vago e misterioso. De que se trata, no fim de contas?
Título | Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço |
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Ano | 1970 |
Gênero | Drama |
País | Portugal |
Estúdio | Fundação Calouste Gulbenkian |
Fundida | Luís Miguel Cintra, Antónia Brandão, Carlos Ferreiro, Carlos Porto, Elsa Figueiredo, Helena Gusmão |
Equipe técnica | João César Monteiro (Director), Acácio de Almeida (Director of Photography), Solveig Nordlund (Assistant Director), João César Monteiro (Screenplay), José Alberto Gil (Music), Alexandre Gonçalves (Sound Designer) |
Palavra-chave | |
Lançamento | Jan 01, 1970 |
Tempo de execução | 34 minutos |
Qualidade | HD |
IMDb | 5.00 / 10 por 8 Comercial |
Popularidade | 1 |
Despesas | 0 |
receita | 0 |
Língua | Português |